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Edifício de alto desempenho ambiental do ponto de vista dos materiais
A relação entre a sustentabilidade e o uso de materiais aborda o que o ser humano está usando (toxicidade) e como ele está usando (gestão de recursos).
O uso reflete as escolhas dos humanos nos recursos naturais e na saúde relativa do ambiente. O modelo de gestão de recursos adotado caracterizará o impacto do ser humano na qualidade e no ciclo de vida desse modelo e trará implicações no desempenho do material, componente ou sistema construtivo em termos de durabilidade, eficiência energética, quantidade de resíduo gerado, potencial para reuso e reciclagem etc.
Quando são bem aplicados os conceitos de economia de energia e água, ciclos de vida de materiais e considerado que material está sendo usado e como está sendo usado, temos um edifício de alto desempenho ambiental do ponto de vista dos materiais.
Para avaliar o sucesso da aplicação de estratégias de projeto para o ambiente e indicar o desempenho ambiental alcançado, é necessário um protocolo padronizado, como a avaliação do ciclo de vida (ACV), que analisa materiais desde o local onde é extraída a matéria-prima, até o destino final deste (análise do “berço ao túmulo”).
Quando analisamos o desempenho ambiental de um empreendimento, entram critérios como o teor reciclado, procedência local, parcela de matérias renováveis e origem certificada. O problema, é que esses atributos são tratados isoladamente e acaba-se perdendo a noção global do impacto, pois frequentemente esses atributos entram em conflito e interferem negativamente um no outro.
Para superar essas limitações, há algumas opções, como a integração de ACV a sistemas de certificação ambiental de edifícios. Algumas certificações ambientais que abordam a análise do ACV, são:
- BREEAM (Reino Unido)
- Green Globes (Canadá)
- Green Star (Austrália)
- LEED (EUA)
- SBTool (utiliza dados Canadenses ou inserção manual de dados locais)
Para o projeto de um edifício de alto desempenho ambiental, é importante:
- Na fase de IMPLANTAÇÃO DO PROJETO: A prioridade é a escolha de sistemas construtivos que que consumam pouca água e energia e que se desperdice pouco material. Necessidade de seleção consciente de recursos, que considerem suas características e métodos construtivos associados (não agressores ao meio ambiente durante o transporte, descarga no canteiro, armazenagem e aplicação) e a sua procedência, por meio da qualificação dos fornecedores responsáveis. Ou seja, materiais que gerem pouco ou nenhum resíduo no solo, ar ou água e, dando preferência aos materiais que sejam recicláveis e de proximidade ao canteiro.
- Na fase de USO: Nesta etapa surgem as consequências pela escolha dos materiais. Os materiais e mobiliários devem ser duráveis e de fácil manutenção, além de não gerarem ambientes internos poluídos (materiais que não eliminem toxinas).
- Na fase de MANUTENÇÃO: Prever possíveis expansões no projeto arquitetônico, assim evitando demolições. A manutenção é eficiente quando a escolha do sistema construtivo e o projeto bem elaborado, permitem a manutenção facilitada dos sistemas hidrossanitário, elétrico, condicionamento de ar etc.
- Na fase de DEMOLIÇÃO: O projeto deve viabilizar a demolição racional, ou seja, os componentes devem ter boa qualidade para serem reaproveitados, não frágeis, duráveis e se possível desmontáveis.
De maneira geral:
– Analisar e especificar sistemas construtivos ao invés de materiais;
– Especificar materiais com menor consumo de matéria-prima. Ex.: concreto de maior resistência que utiliza menos matéria-prima.
– Avaliar a toxicidade potencial e buscar outras alternativas de materiais;
– Especificar desempenho e ciclos de vida ao invés de enfatizar conteúdo e origem;
– Estruturar as informações e o processo de decisão no projeto, para que possam ser revisados sempre e possivelmente modificados.
Por: Liége Garlet e Roberta M. Doleys Soares.